domingo, 27 de maio de 2012

RIZOMA: montando e desmontando nossas ideias

DELEUZE, Gilles; QUATTARI, Fêliz. Rizoma. In: Mil Platôs- capitalismo e esquizofrenia, tradução de Aurélio Guerra e Celia Pinto Costa. Rio de Janeiro: ed 34.1995. RESENHA DO TEXTO RIZOMA

Por Kátia Maria R. Gomes e Nazarete Andrade Mariano
Linha 2 – Letramento, Identidade e Formação de Professores.
Turma 2012 – Mestrado em Crítica Cultural.


RIZOMA: montando e desmontando nossas ideias

O texto trata do que Deleuze e Guattari (2000) chamam de rizoma, o qual não começa e não conclui, no entanto se encontra sempre no meio, entre as coisas. Diante dessa colocação torna-se relevante a produção de livros rizomas, uma vez que vivem interligando-se em cadeias, sem se encerrar nos capítulos. O rizoma é um modelo de realização dos acontecimentos, que tem espaços e tempos livres, onde os acontecimentos são potencialidades desenvolvidas das multiplicidades.
Para tanto, os autores utilizam-se de argumentos que estabelecem conexões múltiplas com suas ideias e com o externo como: O livro precisa existir pelo fora e no fora, pois precisa ser uma máquina de guerra, de amor e revolução. Ser também um agenciador coletivo; montando e remontando encontros e desencontros de pessoas e não pessoas, para tanto observa que os mesmos abandonam o esquema binário do uno – múltiplo, dando lugar aos jogos de forças trazendo novas misturas. Outros argumentos que fazem uso referem-se a erva daninha, já que esta incomoda, mas persiste e não morre; criando o seu espaço jardim, seja entre elas ou nos meios das flores.
Deleuze e Guattari fazem uso de um mister de referência abordando de maneira explicitas implicitamente, fazendo com que o leitor retome a leituras auxiliares para uma compreensão maior. As principais referências observadas por nós são: Heidegger – Pensamento metafísico que coloca o homem como sujeito e o mundo como objeto; Freud – O mito do Édipo que é representação da regra, do proibido seja na família, na escola, na convivência na sociedade capitalista; Marx é outro que ele faz referencia logo no início do texto de forma implícita quando aborda que “A literatura é um agenciamento, nada tem a ver com ideologia, e de resto, não existe e nem nunca existiu ideologia.” Contrapondo ao pensamento de Marx sobre ideologia e para tal se vale de Foucault que traz a Ideia de que poder tende a produzir o tempo todo. Faz uso também Kafka – por uma literatura menor e Kleist – Uma louca máquina de guerra. Usa a representação da gramática gerativa de Chomsky a linguagem a partir de uma raiz, bem como Gregory Bateson – Definição de platô para designar algo. Marcel Shwob – A pesquisa sobre a teoria rizomática com a multiplicação dos relatos históricos. Nietzsche – A percepção do aforismo. Armand Farrachi que trata da quarta cruzada em que as frases afastam – se e se dispersam, se empurram e coexistem. Pierre Rosenstiehl e Jean Petitot ao admitir o primado das estruturas hierárquicas significa privilegiar as estruturas arborencentes. Henri Miller quando diz que a erva é a nêmesis dos esforços humanos. Haudricourt – Oposição entre as morais ou filosofia da transcendência. Melaine Klein - Não compreende o problema de cartografia de uma de suas crianças, contenta-se em produzir decalques estereotipados, entre tantas outras que vão surgindo na tessitura do primeiro capítulo do livro “ Mil Platôs, intitulado de Rizoma.
Como o próprio título sugere, os teóricos se utilizam de uma metodologia peculiar como em um sistema aberto, pois tratam da liberdade de criação como: “pegar de qualquer linha” e dar continuidade a escrita, uma metodologia do criar junto um conhecimento dinâmico. Assim os autores brincam que estão construindo uma metodologia ou uma metodologia às avessas. Inclusive delimitam como palavras-chave: RIZOMÁTICA, ESQUIZOANÁLISE, ESTRATOANÁLISE, PRAGMÁTICA E MICROPOLÍTICA. – sendo que cada palavra é um platô que se conecta com outros vários, elegendo agenciamentos, máquinas de desejos e descartam a ideologia e a ciência da pesquisa.
Percebemos, portanto que os autores concluem que um livro rizoma nunca é um livro raiz, mas livro como sistema aberto, que monta e desmonta, “os livros não se fecham, se conectam com outros tantos” , assim, constituindo platôs. Livro como agenciador coletivo que não tem uma linearidade. Os autores utilizam a ideia de potencia de multiplicação para tudo, podendo ser multiplicados por vários. Anulando o início e o fim. Convidando o leitor para esse movimento de ideias do montar e desmontar sem ter um compromisso tenso com o conceituar, mas com o acontecer, com o fazer com e não o fazer como sem a preocupação do ponto de partida ou do ponto de chegada.

Movimentando o pensamento para o Rizoma

DELEUZE, Gilles; QUATTARI, Fêliz. Rizoma. In: Mil Platôs- capitalismo e esquizofrenia, tradução de Aurélio Guerra e Celia Pinto Costa. Rio de Janeiro: ed 34.1995. RESENHA do primeiro e do segundo parágrafo, assim talvez seja mais perceptível o entendimento das ideias rizomaticas de Deleuze e Quattari.

Por Nazarete Andrade Mariano
Linha 2 – Letramento, Identidade e Formação de Professores.
Turma 2012 – Mestrado em Crítica Cultural.

Movimentando o pensamento para o Rizoma

O Rizoma nos é apresentado logo de inicio, pelos autores Deleuze e Guattari, como algo que não tem uma ordem cronológica, pois é um sentido que vai além do figurado, convidando o leitor a uma inter-relação entre o sentido próprio e o sentido figurado, dando a ideia de mudança com em um sistema nômade, que acredito quer ser um sistema aberto. Vale lembrar, que nas primeiras leituras feitas, também nos sentimos meios nômades, pois apenas ficamos com as desconfianças daquilo que possivelmente é compreendido, de que o pensamento dos autores nos fosse familiar, mas logo em seguida surge uma necessidade de aprofundar nessas ideias para que não venhamos correr o risco de confundir tais pensamentos, que aparecem com uma aparência nova, como se partisse de uma circunstância. Para tanto, é pertinente conhecer nossos próprios limites para assim, adentrar em territórios antes não preparados para esse acesso à leitura de Deleuziana.
Considerando, a grosso modo e talvez metaforicamente, que o rizoma é a extensão do caule de uma planta unindo sucessivos brotos. Diferentemente das arvores ou das raízes, acreditamos que o rizoma trata da inter-relação entre os conceitos, conectando um ponto com outro ponto qualquer, que pode ser entendido como o modelo de realização dos acontecimentos do principio característico das multiplicidades, com isso, feito de dimensões, sem inicio ou fim, mas sempre no meio, por isso ele constitui multiplicidades.
Logo de inicio Nota-se que Deleuze contrapõe, de forma implícita, a metafísica de Heidegger que compreende o ser enquanto ser existente e, não por sua linguagem, como propõe Heidegger. Bem como o ser uma vez que aquele não remete a palavra ser e sim a acontecimento, colocando em jogo até mesmo pertinência do nome SER, enquanto que este diz que acontecimento é algo além do ser.
Outro ponto de divergência entre os dois é em relação a sujeito e objeto, Heidegger diz que o homem é o sujeito e o mundo é o objeto, o homem sendo aquele que dispõe do objeto. Deleuze por sua vez problematiza de forma mais geral que não é o ser, mas a experiência. Como “ Um livro não tem objeto nem sujeito; é feito de matérias diferentemente formadas, de datas e velocidades muito diferentes.” ( P. 11)
Assim, Inicia o primeiro parágrafo também contrapondo a cultura da Grécia antiga, como com o mito de Édipo sendo vista com representação teatral, como um erro. O Édipo visto como uma máquina abstrata de construção da família que tem semelhança com o funcionamento do capitalismo, estabelecendo quem manda, ou melhor, o Anti-Édipo = Capitalismo e Esquizofrenia, no centro desse conflito estar presente o pensamento de Freud do inconsciente como representação, o drama de Édipo. Para Deleuze e Guattari, ao contrário de Freud, não é povoado por atores simbólicos, mas por máquinas desejantes, onde tudo funciona ao mesmo tempo como em um sistema corte-fluxo de forma paradoxal, maquinas essas que estão a todo vapor na sociedade, máquina social ( mercado capitalista, estado, igreja, exercito, família entre outras) e a máquina que aqui os autores denominaram de desejantes, que ao mesmo tempo se alimentam dela, fazem também fugir, pelo seu inconsciente.
Continua abordando que cada um de nós somos muito, que utilizamos tudo que nos aproxima e nos distancia. Nos remetendo a um questionamento “ Por que preservamos nosso nomes? Afirmando-nos que é por habito, dizendo que assim passaremos despercebidos, e nos tornamos imperceptível, aos que nos faz agir, experimentar ou pensar. Inclusive os autores se colocam como vários, como se as ideias contidas no texto não tivessem um único dono, mas vários. Assim termina o parágrafo abordando que as pessoas chegam a um ponto de dizer que não somos mais (EU). Não somos mais nós mesmos. Cada um reconhecerá os seus. Fomos ajudados, aspirados, multiplicados. . Se eu crio um conceito de um objeto (ou outrem), eu automaticamente me anulo, pois o objeto conceituado contém a pontencialidade de me definir como outrem (ou não-eu).
Acredito que este parágrafo faz uma introdução daquilo que será posteriormente definido como Rizoma, que não somos uno, mas multiplicados, nos seus mais diversos sentidos, em velocidades mensuráveis. Considerando que o conceito é o objeto de criação do filosofo, então o conceito é múltiplo, pois se relaciona com outros conceitos. Assim compreendemos que um termo é essencialmente puro, ou exclusivamente de seu outro, que talvez não tenha uma definição única para o rizoma, uma vez que os conceitos surgem a partir de circunstancias, como uma coisa nova para explicar e estabelecer problemas.
No segundo parágrafo, faz uma abordagem de como é construído o livro, situando o livro como um agenciamento, sendo ressonâncias que tem lados de territorialização e desterritorialização, no qual monta e desmonta uma ideia, em que você tem vários dados em um determinado texto fazendo parte de uma mesma coisa, pessoas e não pessoas montando e remontando à construção do objeto para explicar a construção do que seria, posteriormente, o livro. Diante desse entendimento, percebe-se que o livro é um agenciamento e como tal é um corpo sem órgão. Mas qual é o corpo sem órgão, para Deleuze e Guatarri? Fazendo mais uma releitura, percebe-se que os autores abordam que a máquina literária é como uma máquina de guerra, como uma máquina de amor [...], então o corpo sem órgão estar presente na a-significância em que está presente a algo novo que surge a todo instante, pois é preciso criar ideias, mas também pensar na negativa dessas ideias.
Nestes dois parágrafos o autor faz inferências aos pensamentos Heidegger, Freud, de Kafka por uma literatura menor, e no final do segundo parágrafo faz uma crítica ao pensamento Marxista quando diz “A literatura é um agenciamento, ela nada tem a ver com ideologia, e de resto, não existe e nem nunca existiu ideologia”. Nessa crítica o autor faz referencia ao pensamento de Foucault a partir da ideia de poder, em que esta ideologia acaba escondendo a realidade, pois o tempo todo existe produção, com isso o poder tende a produzir o tempo todo.

SÍNTESE DO TEXTO RIZOMA

DELEUZE, Gilles; QUATTARI, Fêliz. Rizoma. In: Mil Platôs- capitalismo e esquizofrenia, tradução de Aurélio Guerra e Celia Pinto Costa. Rio de Janeiro: ed 34.1995.


Por Kátia Maria R. Gomes e Nazarete Andrade Mariano
Linha 2 – Letramento, Identidade e Formação de Professores.
Turma 2012 – Mestrado em Crítica Cultural.


O texto trata do que Deleuze e Guattari (2000) chamam de rizoma, o qual não começa e não conclui, no entanto se encontra sempre no meio, entre as coisas. Diante dessa colocação torna-se relevante a produção de livros rizomas, uma vez que vivem interligando-se em cadeias, sem se encerrar nos capítulos. O rizoma é um modelo de realização dos acontecimentos, que tem espaços e tempos livros, onde os acontecimentos são potencialidades desenvolvidas das multiplicidades.

Para tanto utilizam-se dos seguintes argumentos:

• O livro precisa existir pelo fora e no fora;
• Precisa ser uma máquina de guerra, de amor e revolução;
• Ser um agenciador coletivo; montando e remontando encontros e desencontros;
• Abandona o esquema binário do uno – múltiplo, dando lugar aos jogos de forças trazendo novas misturas.
• Refere-se à erva daninha, já que esta incomoda, mas persiste e não morre; criando o seu espaço jardim, seja entre elas ou nos meios das flores.

Como referências os autores abordam explicita e implicitamente:

• Heidegger – Pensamento metafisico
• Freud – O mito do Édipo.
• Marx - Ideologia ( A literatura é um agenciamento, nada tem a ver com ideologia, e de resto, não existe e nem nunca existiu ideologia.).
• Foucault – Ideia de poder tende a produzir o tempo todo.
• Kafka – por uma literatura menor.
• Kleist – Uma louca máquina de guerra
• Chomsky – Gramática gerativa, a linguagem a partir de uma raiz.
• Gregory Bateson – Definição de platô para designar algo.
• Marcel Shwob – A pesquisa sobre a teoria rizomática com a multiplicação dos relatos históricos.
• Nietzsche – A percepção do aforismo.
• Armand Farrachi – trata da quarta cruzada em que as frases afastam – se e se dispersam, se empurram e coexistem.
• Pierre Rosenstiehl e Jean Petitot admitir o primado das estruturas hierárquicas significa privilegiar as estruturas arborencentes.
• Henri Miller – A erva é a nêmesis dos esforços humanos.
• Haudricourt – Oposição entre as morais ou filosofia da transcendência.
• Melaine Klein – Não compreende o problema de cartografia de uma de suas crianças, contenta-se em produzir decalques estereotipados.

Utilizam da metodologia:

• Tratam da liberdade de criação como: “pegar de qualquer linha” e dar continuidade a escrita;
• Metodologia do criar junto um conhecimento dinâmico.
• Os autores brincam que estão construindo uma metodologia ou uma metodologia às avessas.
• Delimitam como palavras-chave: RIZOMÁTICA, ESQUIZOANÁLISE, ESTRATOANÁLISE, PRAGMÁTICA E MICROPOLÍTICA. – sendo que cada palavra é um platô que se conecta com outros vários.
• Elegem agenciamentos, máquinas de desejos e descartam a ideologia e a ciência da pesquisa.

Os autores concluem da seguinte forma:

• Um livro rizoma nunca é um livro raiz.
• Livro como sistema aberto, que monta e desmonta.
• Os livros não se fecham, se conectam com outros tantos ... constituindo platôs.
• Livro como agenciador coletivo.
• Livro que não tem uma linearidade.
• Utilizam a ideia de potencia de multiplicação para tudo, podendo ser multiplicados por vários. Anulando o início e o fim.